Ações missionárias na Amazônia sob ataque constante
As ações missionárias na Amazônia enfrentam forte preconceito internacional e isso não é uma coisa nova. Os missionários cristãos protestantes sempre tiveram barreiras culturais gigantescas para espalhar o Evangelho de Jesus Cristo, cumprindo o ide de Jesus (ide por todo o mundo e pregai o evangelho a todas as criaturas - Mc16:15).
Mora nesta complexa questão que algumas vezes envolve povos indígenas interesses internacionais que vão muito além de abordagens etnológicas. Porque o evangelismo missionário não foca em alcançar apenas indígenas, mas também o povo ribeirinho que vive em quase isolamento e muitas vezes não tem acesso a uma igreja e ao verdadeiro evangelho.
O fato é que independentemente de qualquer coisa todos os homens precisam do evangelho de Cristo. Afinal é o único caminho para vida eterna. Quem em sã consciência abre mão de oferecer a verdade a todos os povos. A fé vem pelo ouvir a Palavra, mas como vão ouvir se não tem quem pregue?
Essa é a importância das missões estrangeiras na Amazônia, muitas vezes mal vistas e expostas a um sem número de preconceitos. Da mesma forma que os missionários no início do Século passado sofreram para implantar denominações evangélicas na Região e hoje são instituições centenárias celebradas pela contribuição dada ao país.
A polêmica ganhou volume e massa durante a pandemia com a farta distribuição de fake news apontando para uma invasão em massa de missões estrangeiras nas áreas de índios isolados aproveitando-se da pouca fiscalização no período.
Tal fato gerou até mesmo a proibição judicial para entrada de missionário no Vale do Javari. O que ninguém fala é que essas missões também levam ajuda aos povos carentes na Região. Essa "demonização" das missões cristãs na Amazônia é uma constante na grande mídia nacional.
A compra de um helicóptero pela Missão Nova Tribos no Brasil (MNTB) para as missões em áreas de difícil acesso ampliou a avalanche de críticas contra as ações missionárias. Como se estivesse em curso uma grande cruzada contra a pureza dos povos tradicionais.
O fundamental nessa questão é entender dois pontos: os povos indígenas são, conforme a regra vigente no país, autônomos para decidir (por si só) se querem contato com a cultura cristã e os missionários não vilões mal intencionados que buscam a aproximação com os indígenas por motivações ocultas.
Para ajudar a refletir sobre essa questão, coloco abaixo a íntegra das respostas do presidente a MNTB, pastor Edward Luz, ao site Repórter Brasil para uma reportagem sobre a invasão missionária aos índios isolados:
1 – A Missão Novas Tribos (MNTB) tem planos de ampliar o trabalho missionário junto a povos indígenas? De que forma?
A MNTB é regida por valores cristãos, portanto cremos no que a bíblia diz a respeito da evangelização como missão de todo aquele que conhece a Cristo. O Senhor Jesus ordenou e está registrado no Evangelho de Marcos, no capítulo 16 e verso 15: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.”
2 – Em janeiro, o senhor anunciou a aquisição de um helicóptero pela MNTB. Como ele foi doado ou comprado? De onde saíram os recursos? Qual função ele terá no trabalho de evangelização da MNTB?
A MNTB adquiriu um helicóptero para desenvolver suas atividades missionárias, a fim de auxiliar seus membros no cumprimento de seus objetivos; a mesma opera em condições rígidas de legalidade, atendendo a todos os requerimentos da Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC e dos órgãos controladores e reiteramos que esta não opera em áreas de etnias isoladas.
O equipamento da marca Robinson 66, um dos mais básicos atualmente, foi comprado com valores doados por um empresário americano que prefere não se identificar. Atualmente ele está baseado na cidade de Cruzeiro do Sul/AC para apoiar o trabalho missionário na região. Embora a Missão seja isenta de imposto de renda – IR e de outras taxas, como qualquer igreja, todos os impostos foram pagos pelo doador e tudo foi legalizado do ponto de vista jurídico e junto à receita federal. A Missão prima por práticas legais e corretas em todas suas ações.
3 – Como a MNTB seleciona os seus missionários? Existem planos de recrutar missionários para lidar com grupos indígenas específicos? Quais? Como é feita a preparação/treinamento dos novos missionários?
Os missionários envolvidos com as ações da MNTB recebem treinamento adequado e intenso para o trabalho a ser desenvolvido. O treinamento envolve cursos de antropologia, alfabetização, saúde básica, linguística, tradução, desenvolvimento comunitário e teologia, com duração de quatro anos e meio. Este treinamento é desenvolvido em duas localidades: no sul de Minas Gerais e em Goiás.
4 – A MNTB se opõe à política de não-contato com povos indígenas isolados adotada pela Funai desde o final dos anos 1980? Por quê?
A Missão Novas Tribos do Brasil não atua, não está presente nem tem estratégias definidas para contatar grupos étnicos considerados pela FUNAI como isolados, como falsamente acusam ONGs e jornalistas ideológicos que são contra a atuação da MNTB entre os povos indígenas. Porém não há, no território nacional, lugares totalmente isolados sem que por lá tenha passado pessoas que podem levar bactérias nocivas. Além disso, os vetores de várias enfermidades são os macacos e eles migram para regiões distantes e podem levar estas doenças. Povos isolados correm riscos de serem extintos mesmo sem o contato direto com outras pessoas.
5 – Desde que a política de não-contato passou a vigorar, como a MNTB costuma agir para ampliar a evangelização de povos indígenas?
A MNTB não trabalha com povos isolados, sem contato. Todas as ações são feitas com grupos há no mínimo 30 anos, com toda a aceitação e aprovação das lideranças destas comunidades.
6 – O contato de missionários com indígenas que vivem em isolamento contribui para a transmissão de doenças? Por quê?
A MNTB atua em diversos cenários, onde goza de respeito e amizade com as comunidades indígenas. Ao contrário de prejuízo à saúde, a Novas Tribos tem uma história de quase sete décadas, marcada pelo respeito e serviço totalmente voluntário, através da atenção à saúde, educação e desenvolvimento sócio comunitário.
A MNTB está presente em várias etnias e sua atuação acontece pelo convite e total anuência das comunidades indígenas, sem coação, paternalismo ou qualquer prática análoga de desrespeito, razão do bom relacionamento e amizade que os missionários gozam com as comunidades indígenas.
7 – A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) teve algum impacto no trabalho da MNTB junto a povos indígenas? Quais? A disseminação do novo vírus tende a representar um risco ainda maior para povos isolados ou de recente contato. Quais cuidados a MNTB planeja adotar para evitar que seus missionários ajudem a espalhar o vírus entre indígenas?
Antes mesmo de qualquer orientação do governo federal a MNTB e as demais agências missionárias, através do DAI – Departamento de Assuntos Indígenas da Associação de Missões Transculturais Brasileira orientaram que nenhum missionário entrasse em área indígena a partir desta data e logo depois emitiu nova orientação em que pedia que todos os missionários saíssem das áreas indígenas.
8 – O senhor e a MNTB costumam ser acusados de ter contribuído para o surto de doenças pulmonares que provocou mortes entre os zoés no final dos anos 1980. Como o senhor reage a essas acusações?
Em virtude de acusações infundadas e inverídicas feitas por jornalistas, o departamento jurídico da Missão tomará as ações necessárias para responsabilizá-los civil e penalmente pelas calúnias e danos causados à imagem da MNTB e de seus membros. É importante registrar que as acusações dirigidas à Missão foram objeto de investigação pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal ((Processo nº 2000.39.02.0001859-0 / IPL nº 085/98 – DPF.B/SNM/PA) os quais concluíram pela qualquer ausência de ilícitos, gerando o arquivamento do feito e ausência de denúncia contra a missão. Porém nos confortamos nas palavras do Senhor Jesus que disse no evangelho de Mateus 5:11 – Bem-aventurados sois quando por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem, e mentindo disserem todo mal contra vós. Mateus 5:12 Regozijai-vos e exultai porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram os profetas antes de vós.
9 – Entidades de defesa dos grupos indígenas temem que a evangelização desses povos acabe com as tradições culturais deles. Como a MNTB encara e lida com hábitos tradicionais de determinados povos indígenas, como a poligamia, rituais de cura e orientações espirituais?
O espaço e o tempo são limitados para responder a esta pergunta mas é um absurdo que só a evangelização é acusada de “acabar” com as tradições culturais, como se elas fossem estáticas e não dinâmicas. O que dizer do poder transformador da “educação” e dos tratamentos da saúde que eles tanto precisam?
10 – A MNTB é ligada a alguma igreja ou denominação religiosa? Quais as fontes de financiamento da Missão Novas Tribos do Brasil? Qual o status e o impacto prático da vinculação entre a MNTB e a Ethnos 360? A MNTB recebe recursos de entidades internacionais?
A MNTB é Indenominacional, ligada ao povo evangélico brasileiro e os seus missionários são oriundos e sustentados pelas Igrejas brasileiras (Batistas, Igreja Cristã Evangélica, Presbiteriana, Congregacional, etc.).
A Missão Novas Tribos do Brasil nasceu da Ethnos360, então New Tribes Mission, e foi registrada no dia 15 de agosto de 1953 no 1º Cartório da cidade de Goiânia. A MNTB é uma organização brasileira há quase 67 anos, com estatuto próprio e liderança nacional eleita pelo voto da assembleia. São organizações coirmãs e que, por isso, compartilham afinidades e preservam o mesmo alvo. Entretanto, é um equívoco afirmar, como comumente fazem inúmeros agentes da imprensa, que Ethnos360 e MNTB são a mesma coisa. A entidade que responde a essas perguntas é a Missão Novas Tribos do Brasil e não fala em nome da Ethnos360 nem a representa.
11 – A MNTB possui relações institucionais com grupos econômicos interessados na exploração econômica de terras indígenas? Quais? Como a Missão Novas Tribos encara as perspectivas de exploração econômica dessas terras?
A MNTB nunca teve, não tem e nunca terá relações institucionais com estes grupos.
12 – A MNTB busca exercer influência sobre a Funai? De que forma e por quê?
De forma alguma. Surgiram acusações infundadas neste sentido, porque o senhor Ricardo Lopes Dias, coordenador-geral de índios isolados da FUNAI, já fez parte da organização – porém há dez anos. Existe uma relação de amizade pessoal dele com o pastor Edward da Luz, líder da Novas Tribos, mas desde que assumiu o cargo nunca mais foi contatado pelo pastor justamente para não criar embaraço a ambas as partes.
Tags:
Política