O crente pode beber? Bebida alcoólica é pecado?



O crente pode beber? O cristão é proibido de consumir bebidas alcoólicas? 

Pode beber, mas não pode ficar embriagado?

Essas questões parecem simples à primeira vista, mas são complexas principalmente para alguns ainda jovens na fé. 

O fato é que o cristão foi chamado a uma nova vida com Cristo no momento em que se reconheceu como pecador. 

Isso faz com que reveja muitas de suas atitudes que serviam de gatilhos para determinados comportamentos inadequados à sua nova visão cristã da vida (cosmovisão cristã).

Por outro lado, Cristo nos chamou à liberdade, uma liberdade sem a prisão do pecado e dos seus desejos que nos aprisionavam. 

Nesta balança, o cristão precisa caminhar no equilíbrio que o Espírito Santo nos dá. 

De um lado, deve fugir do legalismo, das regras que os homens estabelecem e que não são exigidas por Cristo. 

Por outro lado, deve estar vigilante para não escorregar na liberdade e voltar à escravidão do pecado.
 
Neste post, eu apresento quatro razões bíblicas para o crente decidir se ele, individualmente, pode ou deve beber. 

Pois essa não é uma regra coletiva. É uma decisão individual. Por isso, vamos às razões. 

1 O crente não deve se embriagar com vinho   


A Bíblia é taxativa sobre o pecado de ficar embriagado. 

E a resposta é simples: quem está embriagado perde o controle sobre o seu próprio corpo e a luta do cristão é para que o espírito controle o corpo. 

Em muitas culturas o vinho está historicamente associado à alegria e ao prazer. Está ligado às comemorações.

Não por acaso, era associado na mitologia grega a um deus pagão Baco, chamado Dionísio na cultura grego-romana.
 
Esse deus era símbolo do hedonismo (busca do prazer como razão de viver), da boemia, do prazer sem limites. 

Na Grécia Antiga, os cultos a Dionísio eram regados a muito vinho, erotismo e fantasias.
 
No livro de Efésios, Paulo criou um contraponto entre ficar embriagado e ficar cheio do Espírito. 

Paulo vivia no auge da cultura helenista e sabia muito bem como ficavam quem se entregava ao vinho para ficar bêbado. 

O apóstolo queria enfatizar que o crente precisa ficar tão cheio da palavra e da presença de Deus que também perderia o controle sobre si mesmo, como acontece com os bêbados. 

Com a diferença que a embriaguez leva à contenda, traições, brigas e fornicação e o encher-se do Espírito leva a uma vida santa em sua plenitude que faz o cristão cantar salmos e hinos espirituais em gratidão a Deus.  

E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; 
Efésios 5:18

2 O crente não deve escandalizar os irmãos fracos na fé


Tudo na vida do cristão precisa ter um propósito. Não deve ser feito à toa, como acontece com quem não está debaixo do senhorio de Cristo. 

Então aquilo que ele faz ou deixa de fazer deve obedecer a esse propósito. 

O capítulo 14 do livro de Romanas trouxe uma resposta precisa para muitas questões polêmicas do dia do cristão. 

Em síntese, Paulo afirma que o crente foi chamado à liberdade, mas deve proteger os mais fracos na fé (os recém-convertidos, os bebês espirituais). 

Por isso, ele não deve fazer nada que leve algum desses irmãos a pecar, a se escandalizar.

Deve abrir da sua vontade em favor dos outros, dando preferência àqueles que ainda não estão firmes na caminhada. 

Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça. 
Romanos 14:21

3 O crente precisa ter convicção naquilo que faz ou deixa de fazer


A liberdade que a graça nos concede é bálsamo contra a opressão da religiosidade, do legalismo e das regras humanas. 

Mas isso deve ser alcançado pela fé e convicção de que estamos vivendo para agradar a Deus, obedecendo ao chamado divino. 

Nessa liberdade, Deus dá para uns determinada convicção e para outros uma visão diferente. 

Não há nisso o certo ou o errado. Depende da fé individual e da convicção de cada um, desenvolvidas através do relacionamento com a Palavra de Deus e a percepção do Espírito Santo. 

Mas é fundamental desenvolver essa convicção amparado por princípios bíblicos. 

Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado. Romanos 14:22,23

4 O crente precisa ser sensível ao que o Espírito Santo lhe diz


A razão principal para servir de base para a resposta do cristão ao que foi questionado neste post é a certeza de que o Espírito Santo se comunica com cada um dos filhos de Deus.
 
Não é uma regra geral que vai determinar a sua convicção e a sua fé, mas esse relacionamento íntimo com o Espírito Santo através da oração e da leitura da Palavra de Deus. 

Muitas vezes o cristão não se mostra sensível para ouvir o que o Espírito diz e acaba quebrando a cara. 

Outras vezes pode ouvir vozes que não são do Espírito Santo e, por isso, o crente quebra a cara do mesmo jeito. 

Por isso é fundamental desenvolver um relacionamento constante para perceber a ação do Espírito Santo, muitas vezes através das circunstâncias ou através de outras pessoas. 

Mas uma coisa é certa: a voz do Espírito Santo sempre está de acordo com a Bíblia, logo esse é o filtro principal.

E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis. 
1 João 2:27

Finalizando esse post posso resumir que não há uma resposta definitiva para o questionamento apresentado aqui. 

Cada um deve buscar individualmente essa resposta, lendo a Bíblia, orando a Deus e ouvindo o conselho de pessoas espirituais. 

Porque o crente precisa fugir do pecado e da aparência do mal. E tudo aquilo que não feito por fé é pecado. 

Um grande abraço e até o próximo post.